terça-feira, 15 de março de 2011

o lençol

o meu lençol de seda
uma seda bem velhinha
puída pelo tempo
deus me livre
das traças

nessa manhã não se levantou
não dobrou as extremidades

continua jogado 
sobre os travesseiros

é um lençol de seda
alvo quanto a alma
do meu filho

aproveita a chuva
que respinga da área
de serviço

e lhe bate nos braços
ontem costurados
por uma feiticeira

continua deitado
o meu lençol de seda

parece morto
mas só dorme

enrolado,
com frio

os tendões dos fios fracos
as veias do tecido lânguidas

é um lençol de seda
uma seda velhinha
puída pelo tempo
deus me livre
das traças.

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