o meu lençol de seda
uma seda bem velhinha
puída pelo tempo
deus me livre
das traças
nessa manhã não se levantou
não dobrou as extremidades
continua jogado
sobre os travesseiros
é um lençol de seda
alvo quanto a alma
do meu filho
aproveita a chuva
que respinga da área
de serviço
e lhe bate nos braços
ontem costurados
por uma feiticeira
continua deitado
o meu lençol de seda
parece morto
mas só dorme
enrolado,
com frio
os tendões dos fios fracos
as veias do tecido lânguidas
é um lençol de seda
uma seda velhinha
puída pelo tempo
deus me livre
das traças.
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