Quando um homem
de poucas mulheres
e muitos sonhos
acorda da sua sesta
os cotovelos postos
sobre a mesa
a xícara do café com leite
à boca e o olhar distante
lembrando dos mortos
da sua rua
é que já andam pelo mesmo caminho
seguindo a mesma estrada
a sua alma cansada
o seu corpo melindre
e perde-se o sentido da vida
e ganha-se nova cor o anseio
do que há por trás dos montes
se uma plantação de trigo
ou um pântano.
É de entristecer seus parentes
(passarinhos e objetos)
a infernal dúvida que reina
e se estende do quarto
à cozinha:
será agora enfim o último suspiro
do homem de tantos sonhos
e poucas mulheres?
E nada se ouve do seu olhar
senão os golpes mudos
da faca de cortar pão
contra o vento.
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