Caso eu envelheça em um banco de praça
não quero a companhia dos pombos.
Não tenho nada nas mãos
nem dentro dos bolsos.
O sol será bem-vindo
queimando a velha retina.
Os livros que repousem no quarto.
Coisa que ultimamente concedo:
deixá-los em paz sobre a estante.
Os livros também precisam
do resguardo dos olhos.
Os meus sem óculos.
A miopia virando outra coisa.
Se porventura eu envelhecer em um banco de praça
o sol será bem-vindo e as nuvens que conseguirem cair.
Mas que caiam de verdade ao meu lado.
Não me enganem refletidas na água da fonte.
Os pombos assustarei com o resto de voz
[espero que seja um berro]
espero que seja um berro melancólico
de um velho comum e normal.
Caso eu envelheça em um banco de praça
quero envelhecer melancólico o olhar afiado
o sorriso de sátiro e de pouquíssima confiança.
Assim espantarei os pombos
e toda aquela mendicância extrema.
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