quinta-feira, 10 de março de 2011

gelatina

A toalha de plástico
sorri desdentada

(falta-lhe uma flor
na extremidade) .

Assim que os objetos se cansarem
desse meu olhar de bufão tagarela

então escreverei sobre
a saudade que é tarde
e sobre a esperança
que é tardia.

As andorinhas encantadoras.
As estrelas uma coisa do céu.

Mas (desculpa-me)
uma toalha de plástico
quando mostra os dentes
é uma cigana tão linda.

Hoje só quem conversa comigo
é essa toalha: devo dar-lhe
toda atenção possível.

Logo ela se cansa
e dorme com a fruteira.
[e durmo eu com as botas]

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