sábado, 19 de março de 2011

enfarte

A gente priva-se de tanta imagem
quando vacila e se estende
ou equivocado extrai
um ou outro verso.

Difícil na construção do poema
aquele instante em que mente
e invisível perdem o contato.

Se a gente é todo arrebatado
o poema se assemelha
a uma epístola escrita
por alcoólatra.

Entretanto se a gente muito meticuloso
lembra o poema um rosto de terrorista
ensaiando os passos do trágico ataque.

È claro que tem aquele tipo de poema
[fruto da misericórdia dos fantasmas]

que desce ou sobe sei lá
todo completo sem vãos.

Esse tipo de poema
escrevo normalmente
nos sonhos e acordo
com os versos soltos.

Aproveito e só enfeito
com lacinhos e fitinhas
as palavras e as túnicas.

Mesmo assim se não houver prudência
perde-se a obra completa do milagre.

Nos outros casos
tento manter elos
pontes e calçadas

entre a mente
e a possessão.

É tão natural o poema
quando possuído ainda
distingo mãos de orelhas.

Uma criança deve saber no fundo da alma
o que tem mais valor: se chocolate
ou um plantio de nuvens.

2 comentários:

  1. Me sinto assim...

    Quantas vezes me irrito quando um verso me surge e os outros por pirraça se negam a segui-lo...

    Abraços

    Aprendendo a apreciar tuas letras

    AeSSeCê

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  2. Meu camarada Lobo Poeta,
    eis o nosso penar e também
    o nosso bom combate
    ...

    Forte abraço.

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