Se o criador na sua incomensurável sapiência
gerou alguma coisa mais deslumbrante
que a mulher então decerto
esconde tal loucura
dentro do seu baú antigo
para momentos inesquecíveis
de febre e tesão humano.
[veste, meu bem,
teu cotton azul
rebola na ponta dos pés
ó, maliciosa, faze feliz
teu duende
pois hoje sou eu o corcunda
coroado pela luz divina
benzido, sóbrio e cão
espumando flores]
Se o criador na sua infinita astúcia
forjou alguma coisa mais encantadora
que a mulher então certamente
oculta dentro do seu guarda-roupa
para que ninguém (nem santos
nem poetas) possa pôr o bico.
[lança pro alto teus cachos
morde teu mindinho
sorri, ó fadinha
desce aos requebros
dos céus ao tapete
que hoje sou eu o sátiro
o monge de olhar carnal]
Se o criador na sua suprema altivez
de dono dos porcos [e dos passarinhos]
fez alguma belezura mais manhosa
que a mulher então sem dúvida
somente Ele mergulha
e bebe da seiva
dessa criatura
e gargalha do meu desejo
e gargalha que chora
da minha inocência.
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