Percebo agora
(parece milagre)
os sons que ouço
não vêm de fora
mas de uma certa ressonância
tensa e suave do fundo do peito
(o coração é o lugar certo
para essas descobertas)
e quanto mais me deparo
com o silêncio algo desperta
talvez minha alma exista apenas
quando vejo o corpo e cora a carne.
Os sons que ouço
dessa caverna secreta
é a mesma coisa
(pressinto)
que um peixe ao acordar
um arco-íris riscando-lhe
as escamas
(ele ou enlouquece
ou pensa que é santo) .
A morte não parte do outro lado
a galopes e foice à mostra:
a morte é sutil e surda.
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