domingo, 20 de fevereiro de 2011

coral

Sinto dizer mas tu não és um gênio.
Ou coisa que o valha.

Estás mais para mediunidade
do que assombro filosófico.

Também (sossega)
não és um bosta.
Ou calhorda.

Teus olhos são gentis.
A tua voz embarga.

Bastando uma mulher linda
o dia lindo e a noite fria.

Encaixa os livros que vendeste
os outros que perdeste nos bares
sai um pouco do quarto
esquece o café.

Sinto dizer mas a poesia
é bem diferente do transe.

Não há nada que enlace
seus cachos nem espartilho
que lhe aperte as costelas

e mesmo assim Ela
vive por aí

aos olhos
de todo mundo

(contenta-se com um chiclete
ou uma moeda antiga)

Não é justo morrer pelos versos
nem matar tua mãe por um punhado
de coisas tolas.

Sinto dizer mas tu és um homem comum
às vezes enlouquece com as bochechas
gordas e rosadas que me lembram
Buda sentado bem tranquilão.

Mas (sossega) já te vi no inferno
e tinhas os olhos fundos
de um quase quase
quase morto.

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