Durma comigo,
só comigo
e deus.
Quando acordar
estarei na batalha
do dia
vendo coisas simples,
colhendo flores,
sentindo raiva
de pessoas
pois o animal
em meu coração é livre:
prefiro a quase morte
diária e momentânea
ao equívoco vislumbre
de supor eterno
o que é posse.
Faço questão de amar as pessoas
com todas as minhas armas à vista.
Se alguma delas morrer por minhas mãos
também poderei alegar que estas
há pouco plantaram rosas
e salvaram vidas.
Portanto, durma bem
e saiba que os meus versos
além de mim dançam e se inscrevem
noutras terras, noutros céus e noutros túmulos
e todas as batalhas
e toda a falta de coragem
aliviam o peso e a carga
do que sou enlouquecido
e do que penso
embriagado de clareza.
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