sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

afazeres

Se molhas o teu chinelão
(e não querias isso)

justamente na parte
onde pousam os dedos

em seguida apressado
enxugas com o calcanhar

para tua infelicidade
terás os dois extremos
do teu chinelão úmidos.

A poesia (digamos,
o pensamento vivo)

também está presente
naquele gesto jovial
da mocinha no banco
do carro da mãe:

sem saber (ou convicta
de ser alvo de observação)
penteava as pontas dos cachos
com uma pequena escova bege.

O poeta do ônibus vê graça e através dela
se transpõe à outra realidade (digamos,
uma fonte borbulhante) .

Assim (nem mais nem menos
sem pôr e sem vazar)

ao ponto ideal da loucura branda
a vida renasce a quem atento não duvida

das reviravoltas do aviãozinho de papel
nem do meteoro em forma de estrela.

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