domingo, 16 de janeiro de 2011

voando

Todos os dias eu beijo uma flor na varanda.
Pulo até a nuvem mais distante,
belisco suas bochechas.

Todos os dias eu procuro fazer algo mágico
que me lembre que sou uma criança

(os cadarços soltos dos tênis sujos
balançam a ponta da cabeça
concordando comigo)

e de todo cafezinho embriago-me
mais com a felicidade da xícara

sobre a estante
encostada a fotos
e livros

tentando me dizer alguma coisa
como se ela tivesse alma
e fosse eu seu súdito.

A verdade é que ela tem alma.
Os tênis também.

Todos os dias eu rezo
quando beijo a flor na varanda

e belisco as bochechas
da nuvem mais distante.

Morro em paz agora
(sobretudo porque
lavei o banheiro
sábado)

e as cerâmicas de tão agradecidas
curvam-se aos meus pés com asas
de anjo.

3 comentários:

  1. Domingos, meu magnífico poeta!
    Que poema...
    Que poema!
    So sua fã de carteirinha, sempre mais e mais!
    Não há como interromper esse crescendo...
    Adorei seus versos!
    Abraço imenso, amigo querido!

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  2. Essa sua escrita chega a dançar, de tanto que contagia, amigo!

    Beijo.

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  3. Esperava rever o pégaso de asas perfumadas quando li o título...

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