sábado, 22 de janeiro de 2011

sabbath

Deixei as más companhias.
Agora só ando ao lado das andorinhas.

O problema é que às vezes
elas se esquecem
das minhas asas
de fogo

(acabam caindo dos céus
vítimas de infarto fulminante)

e mesmo que eu tente
ressuscitá-las respiração
boca a bico

elas não dão sinal de vida
permanecem estiradas
imóveis, com um risinho
de puro deleite
nos lábios sempre
molhados de chuva
e de orvalho.

Chego a entrar em depressão,
tranco-me no quarto,
passo dias sem beber
meu cafezinho.

Mas deus é pai
muito bom comigo

logo adentra pela janela
do banheiro e pelo vão
da área de serviço
outra louca andorinha

saltitante, feliz
me chamando pra rua.


5 comentários:

  1. Ah, Domingos, magno poeta!
    Hoje, as andorinhas...
    Que encanto!
    Incrível como você transita pelos mais variados temas, como quem sempre esteve ali.
    Demais, meu querido amigo!

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  2. Seria muito bom se tivéssesmo mais que asas, mas o coração de andorinhas...

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  3. Lembrei da Cris... http://crisdesouzavalvuladeescape.blogspot.com/2011/01/sem-licenca-poetica.html
    Abraços, mestre!

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  4. depois dessa, até conferi minhas asas...

    beijo de andorinha!

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  5. domingos, camarada-amigo,
    as tuas palavras arrancam-me o maior dos arrepios poéticos.
    um forte abraço, irmão-poeta de além-mar!

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