Sequer posso tomar banho sossegado
vejo um espião esquiva à janela
do banheiro.
Ora um passarinho,
agora uma mariposa.
O passarinho bicava a madeira podre.
Banqueteava-se das baratinhas francesas.
A mariposa ao contrário
totalmente inerte dorme
(cansada da noite
de pesadelos)
É o preço que se paga
quando se tem uma alma
já completo corpo
(tendões
que são fitas
entrelaçando
os cachos
do coração)
Ao passarinho há nuvens
para apedrejá-lo
e dar-lhe
conforto.
Causa-me inquietação a mariposa
acordando molhada da espuma
do meu sabonete.
(talvez pense
de propósito)
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