domingo, 30 de janeiro de 2011

o pequeno Vinicius

Eu tenho outra alma
sangue do meu sangue
carne da minha carne

ao meu lado agora brincando
de batalha medieval.

A energia é a mesma
quando eu criança
falava sozinho

recebia de bom grado
influência do tempo
(paredes e tetos
invernosos)

e ouvia os soldadinhos
os monstros, os cavalos alados

sempre disposto a romper dias
até que as fábulas cansassem
o rei.

O meu filho de nove anos
é o milagre de todo final
de semana (ao ouvi-lo
meu coração pula
e aquela alma
atada ao corpo
resguarda-se
feliz)

Só falta uma borboleta
(ou uma mariposa
ou uma cigarra)

entrar pela porta,
dar boa tarde,
abancar-se
sobre a cama

e mastigar batatinhas
com os olhos festivos.

Quando eu estiver bem velhinho
sei absolutamente que meu filho
também terá ao lado outra alma

sangue do sangue dele
carne da carne dele.

Oxalá ele perceba
que a eternidade mágica
não vive em nossa alma

mas dentro da alma
de quem amamos.

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