Por ter consciência
que não te levarei
para sempre
nem ao céu
nem ao inferno
(existem de fato
dentro de nós)
então procuro
não desejar tanto
a tua presença.
Perdi a conta
foram muitos dias
de loucura e solidão
imaginando que o teu corpo
(cada detalhe físico)
faria de mim um sujeito de sorte
ao relevo das montanhas
à margem do lago secreto
mas é tão natural
(enquanto tolos)
o engano.
Darei a ti a paz que desejaste.
Embora eu me canse dessa delicadeza.
Foram tantas noites
de euforia e vazio
não me há outra porta
senão a do quarto
e o vento e a festa
e as vozes dos vizinhos
sei agora
também passam
(deixando fuligem
nas roupas do varal) .
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