sábado, 29 de janeiro de 2011

mar

Por ter consciência
que não te levarei
para sempre

nem ao céu
nem ao inferno

(existem de fato
dentro de nós)

então procuro
não desejar tanto
a tua presença.

Perdi a conta
foram muitos dias
de loucura e solidão
imaginando que o teu corpo
(cada detalhe físico)

faria de mim um sujeito de sorte
ao relevo das montanhas
à margem do lago secreto

mas é tão natural
(enquanto tolos)
o engano.

Darei a ti a paz que desejaste. 
Embora eu me canse dessa delicadeza.

Foram tantas noites
de euforia e vazio
não me há outra porta
senão a do quarto

e o vento e a festa
e as vozes dos vizinhos

sei agora
também passam

(deixando fuligem
nas roupas do varal) .

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