sábado, 15 de janeiro de 2011

distraidamente

Voltei a lavar cuecas de madrugada
olhando pelas frestas da janela do banheiro
(nunca se sabe qual a hora que cai uma estrela)

Antes de escrever o poema
penso como será o deleite

sentado no pufe
o teclado sobre
os joelhos

e a língua
de fora.

Jamais saberei ao certo
qual a última mordida

dos meus dentes
cravados no dorso
das minhas muriçocas.

(elas se esquivam)

Lanço a dentadura
contra as paredes
e livros.

Elas sobem ao teto
(zombam)

depois pulam
ao meu colo.

(aí é uma questão de princípio:
namoro todas)

4 comentários:

  1. Passei a usar cuecas descartáveis...
    Não quero perder uma estrela cadente sequer. São tão raras!

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  2. É essa mistura de paladares que faz da sua poesia esse sabor único, que degusto a cada dia, embora muitas vezes eu entro aqui, me nutro e nada digo, sequer agradeço.

    Obrigada, Domingos! Amor, humor, ironia na poesia, são uma boa tônica
    ...

    ;)

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  3. Perigoso até para as muriçocas. Abração, camarada!

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