sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

a descoberta

Não sou a ideia do que suponho
tampouco a cruz do pensamento.

Posso falar pelo meu corpo
uma vez que a dor é minha.

Embora ultimamente
a dor me venha
quando durmo.

Então penso "é sonho"
e volto a dormir calado

(só despertando na hora
em que a porta se abre
sozinha e o vento
da área de serviço
puxa meus cabelos)

A morte é a liberdade
mas hoje de tarde

vendo um pombo
de pescoço flácido
no meio da calçada

não achei graça
nem virtude.

Quisera pudesse
tocar de leve
sua cabeça

levá-lo aos pés do velho
que ontem pela manhã
dava-lhe migalhas
de sonhos distantes.

Ah, foi isso.
Foi isso que matou o pombo.

3 comentários:

  1. Domingos, um pombo tombou na própria sorte,

    abraço

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  2. sua poesia é uma eterna descoberta, sempre surpreendente. faço questão de acompanhar tudinho, ainda que na surdina.

    beijo, meu bruxo!

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  3. Estou correndo risco, então! Migalhas, migalhas...

    Grande abraço, Domingos!

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