domingo, 23 de janeiro de 2011

arbusto

O único fim do poema
(mesmo que se diga o contrário)

é a morte em si mesmo
independente do olhar
do outro.

Ninguém saberá mais do invisível
que a própria sombra.

O mergulho já é cego
por quem escreve
imagina então lucidez
por quem se atreve
tão somente
pela leitura.

O poema escrito
pode ser reformulado
engessado, empalhado
queimado, apagado
jogado em qualquer tipo
de lixeira mas nunca
será uma cortina transparente
ao simples devaneio e ciência
de quem se debruça sobre ele.

Escrevo o poema
para sua morte
definitiva.

E me dou ao luxo
(sob minha neurose)

de acreditar em algo
eterno feito um seixo
no fundo do mar.

4 comentários:

  1. (então ao publicar-se um poema, decretemos a sua morte, e o lê-lo, decretemos a sua morte, assim todos os poetas e seu leitores vivendo um processo de autofagia...)

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  2. Domingos, eu vi uma certa condição de comum entre o seu poema e esse meu aqui ó:
    http://cantodaboca.blogspot.com/2010/05/vinho-queijo-barthes.html

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  3. Meu caro, se não acreditarmos em nossa poesia, acreditaremos no quê??
    Atenciosamente. Adriano MB.

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  4. a morte do poema é a nossa absolvição,


    abraço

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